Tea Production - Watercolor on Marrow Paper - 19th Century - Chinese Painting Collection by Caroline Simpson
VASOS DE PORCELANA
Conto Chinês
Certa vez, encontrava-se na sala do trono o grande conselheiro e filósofo Confúcio. O Rei, vendo-o ali, afastou-se dos ricos Mandarins que o cercavam e dirigindo-se ao sábio, perguntou-lhe:
- Dizei-me, oh honrado Confúcio, como deve agir um Magistrado: com extrema severidade a fim de corrigir e dominar os maus, ou com absoluta benevolência a fim de não sacrificar os bons?
Ao ouvir tais palavras do Soberano, o ilustre Filósofo conservou-se em silêncio; passados alguns minutos de profunda reflexão, chamou um servo que estava por perto e pediu-lhe que trouxesse dois baldes: sendo um com água fervente e o outro com água extremamente gelada.
Ora, havia na sala, adornando a escada que conduzia ao trono, dois lindos vasos da mais fina, pura e delicada porcelana chinesa. Eram peças preciosas, quase sagradas, que o Rei muito apreciava.
Sob o olhar atento e curioso do Rei, Confúcio solicitou que o obediente servo derramasse a água fervente num dos vasos e a gelada no outro.
Ao que o estupefato Rei, mais do que depressa, interveio no caso com incontida energia:
- Que loucura é essa, oh Venerável Confúcio!!! Queres destruir estas obras maravilhosas?! A água fervente certamente partirá o vaso em que for colocada, e a água gelada fará trincar-se o outro!
Confúcio, após a já esperada reação do Rei, tomou os baldes das mãos do servo e misturou a água fervente com a água gelada. Com a mistura assim obtida, encheu os dois vasos sem dano algum.
O poderoso Monarca e os Mandarins ali presentes observaram atônitos a atitude singular do Filósofo.
Confúcio, indiferente ao assombro que causava, aproximou-se do Soberano e assim falou:
- A alma do povo, oh Rei, é como um vaso de porcelana! E a justiça do Rei é como a água! A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são igualmente desastrosas para a delicada porcelana. Manda a sabedoria e ensina a prudência que haja um perfeito equilíbrio entre a severidade com que se pode castigar o mau e a leveza com que se deve educar e corrigir o bom.
Caros amigos,
são justamente os extremos que nos afastam do verdadeiro caminho e acabam por nos trazer ou levar o outro à revolta, rancor, desânimo e, com isso, à infelicidade.
Na educação de crianças e jovens, bem como nas relações humanas em geral, não sejamos tão rigorosos ou intransigentes e, muito menos, indiferentes ou relapsos.
Saibamos pois, dentro destes princípios, ver o próximo como alguém que também falha e é digno de perdão, assim como você o é! E como alguém que também acerta e é digno de elogio afim de o estimular na trilha do verdadeiro caminho.
Sejamos sensatos e, assim, sejamos felizes!
Boa reflexão!
Sensei Julio Mario
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