segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Conto 9

Red Avadavat and Cherry - Colour woodblock print - by Keibun Matsumoto (1892)

A FALSA PRISÃO 
Conto Zen 

Um jovem monge estava agindo de forma rebelde às normas do Mosteiro Zen, o que causou certo tumulto. O Mestre, percebendo o desconforto da comunidade monástica, resolveu chamar a atenção do jovem. Determinou então, que ele ficasse num alojamento à parte para que refletisse sobre a sua conduta. Contrariado, porém obediente, o monge acatou a ordem e foi levado ao tal alojamento. 

Após algumas semanas dentro do aposento, por onde lhe davam diariamente comida e água fresca que eram deixadas em uma abertura da porta, o monge reconheceu o erro e se arrependeu. 

Apesar disto, o tempo passava e o monge continuava lá, como que esquecido pelo Mestre. Então, após alguns meses, pensou indignado: 

"Sei que abusei da minha liberdade, mas não acho que minha atitude tenha sido tão grave ao ponto de ficar, por meses, trancafiado nesta prisão. Vou sair daqui imediatamente, nem que eu tenha que arrebentar a porta!" 

Neste impulso, o monge se aproximou da porta e, numa atitude enraivecida, tentou forçar a tranca para arrombá-la. Ao fazer isso, ela simplesmente se abriu e sem qualquer esforço de sua parte. 

Espantado, saiu dali e foi direto ao Mestre: 

- Mestre, a porta... 

O Mestre interrompeu o ofegante discípulo e, com um suave gesto, lhe disse calmamente: 

- A porta, querido discípulo, sempre estivera aberta durante todo o tempo em que permanecera ali! 




Caros amigos, 

mesmo não estando fisicamente encarcerados nos tornamos, por vezes, prisioneiros de nossa própria mente, o que acaba nos impedindo de se autorrealizar. 

Fazemos isso, por exemplo, quando ficamos presos aos erros do passado. É preciso separar o erro cometido daquilo que você realmente é! Cometeu um erro?! Ok, mas você não é o erro, sua vida não se resume a este ou aquele episódio. 

Mas como se libertar desta prisão?! O primeiro e mais importante passo, assim acredito, seria saber se perdoar, além de nunca julgar situações passadas com valores do presente. Se pergunte: "Hoje eu cometeria o mesmo erro?" Se a resposta for não, parabéns! É sinal de que você evoluiu. Sendo assim, liberte-se desse eu virtual, desse eu do passado. 

Encarceramos-nos também, quando cultivamos pensamentos negativos que nos inferiorizam: "Eu não consigo...", "Ninguém gosta de mim...", "Eu sou burro...", enfim. 

E como se libertar desta outra prisão?! Isto certamente não é uma tarefa fácil, pois exige um olhar concentrado e crítico para dentro de si mesmo. Um bom começo, assim creio, seria optar por novas formas de se ver e de pensar, ou seja, refletir sobre as suas qualidades e que não são poucas! 

O modo de pensar determina as nossas ações e, consequentemente, os seus resultados. Escolhamos, portanto, pensamentos que nos nutram e apoiem. 

Atravessemos a porta que nos aprisiona e, assim, sejamos felizes! 

Boa reflexão! 
Sensei Julio Mario 





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