domingo, 8 de novembro de 2020

Conto 16

A não violência
(Conto Japonês)
FAN ZENG (BORN 1938) Huaisu Hanging scroll, ink on paper 26 3/4 x 27 in. (68.1 x 69 cm.). Dated gengshen year (1980)

Era uma vez um grande Samurai que vivia perto de Tóquio. Mesmo idoso se dedicava a ensinar a arte Zen aos jovens que o procuravam. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário, independente de sua experiência e vigor. 

Certa tarde um jovem guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos e violência, apareceu por ali. A intenção do jovem era a de derrotar o velho Samurai e, assim, aumentar a sua fama. 

O velho, após refletir, acabou por aceitar o desafio do jovem guerreiro. Estando então, um diante um do outro, o jovem começou a insultá-lo: chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou insultos e ofendeu seus ancestrais. Durante horas o jovem fez de tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível! 

No final do dia, sentindo-se já exausto e humilhado, o jovem guerreiro acabou por se retirar. E os alunos do velho Samurai, surpresos, perguntaram ao Mestre como ele pudera suportar tanta indignidade. Ao que respondeu: 

- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? 

- A quem tentou entregá-lo. - respondeu um dos discípulos. 

- O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. A sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma. Só se você permitir. 




Caros amigos, 

este conto nos mostra um dos princípios das artes marciais: o da não violência. 

Se no futebol há o ditado de que “a melhor defesa é o ataque”, nas artes marciais como o Karate Do, por exemplo, há o ditado de que “a melhor defesa é evitar o combate”. Uma comparação metafórica, já que as duas artes têm propósitos diferentes. 

Se me comporto bem, respeito a todos, cumpro com as normas sociais, enfim... Por que alguém há de querer me atacar?! 

Talvez você diga que estou errado, que existam pessoas que nos atacariam sem motivo algum. 

Pois bem, se assim ocorrer, logo não é minha culpa. E se não tenho culpa, por que me irritar e revidar?! Não é minha culpa! 

E se tenho culpa, por que me irritar quando eu deveria reconhecer e me desculpar?! É minha culpa! 

Saber reconhecer os erros e se desculpar é um caminho árduo, porém de significativo engrandecimento e benefício para você e para o outro. 

Quem pede perdão trabalha não só a humildade, mas a razão e a justiça. E quem ouve o perdão, se de coração puro, se sentirá estimulado a fazer o mesmo diante de outras situações. 

Aprendamos a controlar nossas emoções negativas, saibamos pedir perdão e perdoar e, assim, sejamos felizes! 

Boa reflexão!
Julio Mario




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