terça-feira, 29 de outubro de 2019

Conto 13

Buddha - Oil on Canvas - by Aree Kongpol, a contemporary Thai artist.


O BUDA DE BARRO E O BUDA DE OURO
Conto Tailandês

Um grupo de monges, numa medida de urgência, precisou transferir o Buda de Barro de seu templo para um novo local. O monastério teria que ser demolido para ceder espaço a uma estrada que atravessaria Bangkok.

Quando os monges começaram a remover o ídolo gigantesco, seu peso era tamanho que ele começou a rachar. E, como se não bastasse, a chuva estava a caminho.

Então, o Monge Superior preocupado com os danos que pudessem ocorrer ao ídolo de barro, resolveu cobri-lo com uma lona para protegê-lo da chuva.

Mais tarde, naquela noite, o Monge Superior foi verificar como estava o Buda de Barro. Acendeu sua lanterna sob a lona e, conforme a luz incidia sobre uma das rachaduras, notava-se um pequeno brilho bem ao fundo. Ao olhar mais de perto o reflexo da luz, perguntou-se se haveria algo sob o barro.

Resoluto, o Monge Superior buscou cinzel e martelo no monastério e, usando dos instrumentos, começou a remover o barro da estátua. E à medida que derrubava fragmentos do mesmo, o pequeno brilho se tornava ainda maior e mais reluzente.

Muitas horas de trabalho foram necessárias até que o Monge, enfim, se deparasse com um colossal e extraordinário Buda de Ouro!

O Buda de Ouro estivera sempre ali, há muitos anos envolto por uma densa camada de barro.




Caros amigos,

o Buda de Ouro realmente existe! A estátua fica no Templo de Wat Traimit em Bangkok.

Acredita-se que cerca de 200 anos antes da descoberta do Monge, o exército dos birmaneses estava prestes a invadir a Tailândia (chamada então de Sião). Os monges, percebendo que seu país seria logo atacado, cobriram de forma artística seu precioso Buda de Ouro com uma camada de barro ou argila. A intenção era a de evitar que seu tesouro fosse roubado pelos birmaneses. Infelizmente, parece que os invasores massacraram todos os monges siameses. Desta forma, o bem guardado segredo do Buda de Ouro permaneceu intacto até aquele fatídico dia entre 1953 e 1957.

Sendo verídico ou não, este conto nos faz refletir sobre a nossa natureza humana e divina - ou iluminada se preferirem (Buda: do sânscrito; iluminado). 

Assim como o Monge Superior, com o martelo e o cinzel (símbolos do trabalho), devemos descobrir a nossa essência divina. Pois dentro de cada um de nós, envolto por uma crosta de barro e imperfeições, certamente existe algo reluzente.

E o mais importante: sabendo que dentro do outro também existe um Buda de Ouro, sejamos mais respeitosos nas nossas relações.

Tratemos a todos como gostaríamos de ser tratados, uma “Regra de Ouro”, e assim sejamos felizes! 

Boa reflexão!
Sensei Julio Mario





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